Na “guerra tarifária” do presidente Donald Trump, que busca reduzir as importações e incentivar a indústria norte-americana, ainda é cedo para analisar os efeitos concretos da medida em nosso país. De forma geral, especialistas avaliam que nosso produtos podem tanto desacelerar, pois ficarão mais caros lá fora, quanto continuar competitivos – uma vez que concorrem com países onde a taxação foi ainda maior. O tarifaço é relevante para a economia brasileira, que bateu recorde de US$ 40,3 bilhões (cerca de R$ 237 bi) em exportações em 2024, cerca de 9,2% a mais que o ano anterior, segundo a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil).
Estudo publicado recentemente pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) projeta que as taxações provocariam uma redução de 0,25% no Produto Interno Bruto (PIB) global, ocasionando perdas na faixa dos US$ 205 bilhões (cerca de R$ 1,209 tri). Já os EUA e a China, os rivais da disputa tarifária, teriam reduções de 0,7% e 0,6% no PIB respectivamente. Para Edson Paulo Domingues, professor da Faculdade de Ciências Econômicas (Face) e um dos autores da pesquisa, há ainda risco de recessão nos EUA.
“Reduzir a presença dos produtos chineses nos EUA e substituí-los por produtos nacionais, cuja produção é muito mais cara, vai aumentar o custo de vida dos norte-americanos e reduzir o consumo. Mesma coisa para a China, que também importa muito dos Estados Unidos. Não é bom para ninguém”, avalia. Os EUA estabeleceram uma taxa de 145% para importações da China e de 10% para os demais países. Já a China elevou a taxa das importações dos EUA para 125%.
O estudioso também aponta que a postura de Donald Trump, recuando em alguns pontos e abrindo exceções em algumas categorias de produtos, também leva à uma desaceleração dos investimentos, uma vez que ninguém quer arriscar dinheiro em um cenário de tantas incertezas. “Não conheço economistas que apoiem essas medidas, pois elas não são razoáveis e dificilmente trarão os efeitos que Trump espera”, analisa.
fonte: O tempo